Cultura

Semana Cultural Kaingang começa com dificuldades

Mau tempo e falta de materiais para montar a estrutura para receber visitantes afetaram o início das atividades

Gabriel Huth -

A falta de estrutura para a montagem das bancas é uma das dificuldades enfrentadas pela Comunidade Kaingang Gyró na sua primeira Semana Cultural, que vai até o próximo domingo (19). Com apoio de entidades e de órgãos públicos, a iniciativa partiu da própria comunidade indígena que habita o local. Com visitas já agendadas para esta semana, os indígenas encaram o evento como uma oportunidade de externar o seu cotidiano, seus costumes e suas dificuldades para manter viva a sua cultura. Até o próximo domingo, dia 19, a aldeia receberá os visitantes diariamente entre 9h e 17h.

Reunidos embaixo de uma tenda forrada com folhas de palmeira, um pequeno grupo de moradores da aldeia preparava o café da manhã com milho assado no fogo. Com a chuva forte que despencou na cidade na manhã de ontem e o mau tempo do final de semana, não foi possível concluir todas as intervenções projetadas em tempo hábil.

Numa pequena tenda, onde a reportagem foi recebida, são preparadas comidas típicas da tribo. Em outra, maior, é planejada para sediar danças. O cacique Pedro Salvador Óréchá explica que ainda outras bancas serão instaladas para a venda de artesanato confeccionado pelos indígenas. A atividade é uma das principais fontes de renda da comunidade.

“Estamos passando dificuldade aqui”, relata o cacique. O material doado por vizinhos não foi suficiente para construir todas as tendas. “A gente até aproveita pra pedir, se alguém tiver interesse em nos doar algum material”, solicita o líder.

A ideia era receber os visitantes com uma apresentação do grupo de danças, comidas típicas, exposição de remédios à base de plantas medicinais, artesanatos, o que não foi possível com a chuva. Nesta semana, informa, escolas e grupos irão até o local para conhecer a cultura Kaingang.

“Nós queremos todos os anos fazer uma semana cultural. Para divulgar pra população de Pelotas, para trazer pessoas para conhecer nossa realidade. Muitos não conhecem, não sabem das nossas dificuldades e é uma oportunidade para conhecer”, convida o cacique.

Aldeia
Na Aldeia Gyró habitam 16 famílias em uma área de sete hectares desde agosto de 2017. Apesar de ser uma grande conquista, que Pedro faz questão de agradecer, os moradores necessitam de apoio constante. “A gente precisava de mais espaço para plantar nossa mandioca, tomate, batata, pra alimentar nossos animais e nossas famílias, mas não tem espaço que chega”, explica.

Óréchá também cobra apoio da Funai e na área da saúde. “Temos idosos e crianças. Se alguém tem uma febre, se sofre de alguma coisa, estamos longe do atendimento”, diz. Aos 66 anos, Pedro nunca foi internado num hospital graças ao conhecimento em relação a plantas medicinais. Numa área de mata fechada, são extraídas ervas e raízes para os remédios, que também são comercializados no local.

Apoios
A semana conta com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Emater, Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e da Cáritas Diocesana. O titular da SDR, Jair Seidel, diz que o apoio da prefeitura não envolve estruturas para a atividade. “Preparamos a estrada, o acesso, mas não estamos envolvidos diretamente na programação”, informou. O técnico Robson Loeck, da Emater, conta que o evento também visa valorizar a presença dos indígenas no local. O órgão estadual tem realizado atividades constantes na comunidade, seja através de consultorias ou em projetos envolvendo a produção agrícola. “Ainda existe muito a se fazer na aldeia, e uma das intenções deles é mostrar justamente que precisam de uma série de coisas e chamar a atenção para isso”, afirma. Entre outras ações, Loeck lembra a entrega de sementes, equipamentos e o diálogo para conciliar práticas de plantação estudadas pela Emater com os conhecimentos específicos da aldeia.

Como chegar
Saindo de Pelotas, no sentido de Canguçu, sete quilômetros à frente da Cascata, no km 94, o condutor deve seguir à esquerda, numa estrada de chão e percorrer cerca de um quilômetro. A aldeia está localizada na colônia Santa Eulália, no 5º Distrito de Pelotas.

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